O tumor glômico no dedão do pé (Hálux) é uma doença rara que pode causar sintomas dolorosos intensos. O diagnóstico é clínico e pode ser auxiliado pela ressonância magnética. O tratamento cirúrgico costuma ser definitivo, aliviando os sintomas do paciente.
Introdução
Os tumores glômicos são neoplasias benignas raras, que pode ser a fonte constante de dor e sensibilidade ao frio nos dedos. Acredita-se que tenham origem de uma estrutura conhecida como corpo glômico, que seria uma estrutura neuromioarterial (uma mistura de nervo, músculo e artéria) que desempenham um papel na regulação do fluxo sanguíneo local e na sensibilidade térmica.
Corpos glômicos podem ser encontrados em qualquer parte da pele, mas são mais fortemente concentradas nas mãos e pés, locais onde a regulação da sensibilidade térmica é mais importante. Até 75% dos tumores glômicos são encontrados na mão, sendo a região logo abaixo das unhas o local mais comum dessas lesões. Quando presentes no pé, o hálux é o local mais comum e o diagnóstico costuma ser confundido com o da unha encravada.
Um pouco de história
Os tumores glômicos foram relatados pela primeira vez por Wood em 1812. Ele descreveu as lesões como nódulos subcutâneos dolorosos muito sensíveis ao frio, que eram curados após a sua excisão. A partir desses dados e da evolução da medicina e do conhecimento, essas lesões foram então caracterizadas como neoplasias benignas provenientes do corpo glômico.
Quem é mais acometido?
Eles são muito mais comuns em indivíduos de meia-idade, no entanto esse tipo de lesão já foi detectada em pessoas de todas as faixas etárias. Apesar da escassez de casos descritos e da sua baixa frequência, não se sabe certamente se afeta mais homens ou mulheres, no entanto, parece ser um pouco mais frequente no sexo feminino.
Manifestação Clínica: Sintomas do Tumor Glômico no Dedão do Pé
Pacientes portadores de tumores glômicos costumam apresentar a tríade clássica:
- DOR
- SENSIBILIDADE PONTUAL
- SENSIBILIDADE À TEMPERATURA
Nem todos os pacientes necessariamente apresentam todos os componentes da tríade, mas a dor é a característica de apresentação comum de todos eles.
Alguns pacientes referem uma história de traumatismo local, no entanto ao que aprece, a associação costuma ser um evento que chama atenção ao local, e não a sua causa propriamente dita.
Examinando o paciente com sugestivo Tumor Glômico no Dedão do Pé
A palpação costuma ser bastante dolorosa e uma coloração azulada eventualmente pode ser encontrada no local. Um teste simples, sugestivo da lesão é descrito com o uso de uma agulha para provocar sensibilidade na região afetada enquanto não provocando dor em um ponto imediatamente do lado da lesão.
O sinal de Hildreth é descrito como o desaparecimento da dor, após a colocação de um garrote no dedo afetado, e esse sinal está relacionado com a natureza vascular da lesão.
Exames de imagem
A ressonância magnética melhorou muito a precisão do diagnóstico das lesões tumorais, dentre elas os tumores glômicos. Os tumores glômicos aparecem na ressonância magnética como massas escuras e bem delineadas na sequência T1, enquanto que na sequência T2 elas surgem como massas brilhantes e bem delineadas.
No entanto as lesões menores podem ser difíceis de serem detectadas e o exame físico deve ser valorizado.

Imagem de ressonância magnética na sequencia T2 (corte coronal) mostrando um alto sinal na localização do tumor glômico – seta azul.
Tratamentos dos Tumores Glômicos do Tumor Glômico no Dedão do Pé
Uma vez que o diagnóstico de tumor glômico do dedão do pé é estabelecido, a excisão cirúrgica é o tratamento definitivo. Sintomas recorrentes são raros e, quando presentes logo após a cirurgia, sugerem excisão incompleta. As lesões estão quase sempre contidas em uma cápsula local com taxas muito baixas de invasão local e nenhuma descrição de metástases.
Por serem raros nas extremidades inferiores, seu diagnóstico é comumente atrasado, alguns trabalhos demonstram uma média de 10 anos até o diagnóstico dos pacientes. Por esse motivo, um exame físico detalhado e estudos diagnósticos apropriados podem evitar atrasos no diagnóstico e tratamento.
É muito importante avaliar a possibilidade de diagnósticos diferenciais, como os tumores benignos e malignos que podem ocorrer nessa região.
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Foto demonstrando a elevação do leito e localização do tumor glômico, encapsulado e bem correlacionado com o local da dor.
Referências
uptodate.com
Glomus Tumor of the Hallux: Case Presentation and Review of the Literature – Foot Ankle Clinics – 2004
FAQ
1. Como é a cirurgia de remoção do tumor glômico?
Geralmente é realizada com anestesia local, sendo na maioria dos casos resolutiva e definitiva. O procedimento mais comum consiste na remoção ou elevação da unha com uma incisão na matriz sobre o local doloroso e ressecção da tumoração encapsulada.
2. Qual exame detecta o tumor glômico?
A Ressonância Magnética é o exame de imagem mais específico e sensível para identificação dessa lesão. No entanto o exame clínico é fundamental e deve ser correlacionado aos resultados obtidos nos exames de imagem.
3. Como é o pós operatório dessa lesão?
Em geral é feito no sistema hospital dia, no qual o paciente obtém alta no mesmo dia do procedimento. Calçados especiais e curativos devem proteger o local operado até a remoção dos pontos, que em média dura 14 dias.