Objetivo da remoção dos implantes é simples: retirar, de maneira segura, as placas e parafusos sem causar danos adicionais aos tecidos circundantes que, em geral, são marcados por cicatrizes prévias e aderências de estruturas como nervos, tendões e vasos sanguíneos. Leia mais.
Introdução
As fraturas desviadas do tornozelo e da região distal da tíbia estão entre as fraturas mais comuns dos membros inferiores e são, em sua maior parte, tratadas através do método cirúrgico, no qual se realizada a redução (montagem da fratura) e fixação através do uso de placas e parafusos. Esses implantes tem o objetivo de manter a estrutura óssea no posicionamento adequado até que ocorra a união óssea. Mas a partir daí, vale a pena remover os implantes?

Imagens durante tratamento cirúrgico de uma fratura do tornozelo. À esquerda, identificação da fratura do maléolo lateral, e à direita, após a redução (reposicionamento) e fixação com placa de metálica de baixo perfil.
Indicações para remoção dos implantes
Irritação de Partes Moles
A dor, geralmente ocasionada por irritação e atrito dos tecidos moles periféricos à fratura quando as atividades e mobilidade normais são retomadas, após ocorrer a consolidação óssea é uma das indicações mais comuns para remoção dos implantes em indivíduos com maturidade esquelética.
Proeminência dos Implantes
Muitas vezes a localização mecanicamente ideal para colocação dos implantes coincide com locais com pouca cobertura de partes moles, o que torna os implantes salientes, causando desconforto local, principalmente quando ocorre atrito com os calçados ou durante o impacto na realização de atividades esportivas.
Planejamento Prévio
Em alguns casos os parafusos e placas podem ser colocados em uma posição que atravessa uma articulação (região de movimento entre dois ossos), permitindo a cicatrização adequada das estruturas ao redor. Nesse contexto, que é mais comum de ocorrer nas fraturas da Lisfranc ou na fixação da sindesmose tíbiofibular, a cirurgia inicial já tem o planejamento e a intenção de remover posteriormente os implantes com o intuito de liberar o movimento na articulação.

Exemplo de procedimento de retirada de material com planejamento prévio a primeira cirurgia. À esquerda (seta azul) demonstrando a presença do parafuso de fixação da sindesmose tibiofibular, enquanto que à direita demonstra imagem de radiografia após a remoção do parafuso (seta verde). Como esse parafuso realiza o bloqueio articular, previamente ao procedimento inicial já está prevista a sua retirada.
Complicações relacionadas a remoção dos implantes
Os implantes podem ser removidos se estiverem associados a uma infecção, quando uma bactéria se aloja na região manipulada, exigindo não apenas a remoção dos implantes, bem como limpeza cirúrgica e uso de antibióticos ou quando o osso não consolida ou cicatriza como esperado, o que pode exigir a colocação de um novo material.
Outras indicações para a remoção dos implantes
Outras preocupações relacionadas à retenção de implantes metálicos incluem: infecção tardia profunda, alergia ao metal, migração ou soltura dos parafusos, fratura secundária a fragilidade nas extremidades do implante. No entanto, as indicações recomendadas para remoção cirúrgica dos implantes são divergentes na literatura.
Os implantes realmente incomodam?
Alguns trabalhos descritos na literatura, como o de Jacobsen e colaboradores relatam que, em algumas séries de casos, até 89,4% das fraturas de tornozelo fixadas internamente podem resultar em queixas de desconforto.
Objetivo da remoção dos Material de Síntese
O objetivo do procedimento é simples: remover de maneira segura os implantes, sem causar danos adicionais aos tecidos circundantes que, em geral, são marcados por cicatrizes prévias e aderências de estruturas como nervos, tendões e vasos sanguíneos. A remoção pode ser através da cicatriz prévia, através de incisões menores ou até mesmo, em alguns casos, uma incisão maior do que a incisão cirúrgica original pode ser necessária para remoção com segurança.
Os implantes eventualmente podem estar quebrados ou fragilizados e alguns fragmentos metálicos cuja remoção trará mais dano que a sua manutenção, podem ser mantidos com o intuito de não causar lesão adicional.
Como são os resultados da remoção dos implantes?
Quando a indicação é precisa e o procedimento realizado de maneira adequada, o procedimento costuma obter excelentes resultados com alto índice de satisfação. O pós operatório é variável e a maioria dos indivíduos não necessita de órteses ou muletas. Os cuidados com os curativos seguem os mesmos de uma cirurgia convencional.
Referências:
footcaremd.org
www.uptodate.com
FAQ
1. O implante metálico acionará um detector de metais?
É possível sim, mas depende de quantidade de material que foi utilizado e quão sensível é o aparelho detector. As próteses do tornozelo, joelho ou quadril tem maior potencial de detecção pela quantidade de metal. No entanto: placas, parafusos e implantes semelhantes na maior parte das vezes não ser detectados.
2. A região óssea onde o implante foi retirado cicatriza?
No espaço ocupado anteriormente pelo implante em geral se desenvolve uma fibrose, espécie de cicatriz densa que estruturalmente é semelhante ao osso. Os orifícios deixados no osso normalmente não colocam a estrutura em risco significativo de refratura, no entanto em alguns indivíduos esses orifícios podem ser preenchidos com enxerto ósseo do próprio paciente. Em indivíduos com esqueleto imaturo, que não completaram seu crescimento, o remodelamento e preenchimento natural por tecido ósseo costuma ser mais rápido.
3. A maioria das pessoas remove os implantes?
A resposta depende do local onde os dispositivos estão implantados e das características individuais dos pacientes e das lesões. Implantes metálicos colocadas em áreas sem cobertura significativa de tecidos moles, que entram em contato com a pressão direta dos calçados ou atrito com o movimento dos tendões, têm maior probabilidade de causar irritação e portanto de serem retirados.