Ossos acessórios são estruturas extras, que podem estar presentes de maneira sintomática ou não em uma parcela da população. As primeiras descrições dessas estruturas originais datem do século 16, ainda hoje o assunto é pouco discussão do século XVI, mas ainda hoje trata-se de um tema controverso. O avançar da tecnologia e a maior qualidade das imagens, possibilitou a investigação mais profunda e detalhamento dessas estruturas.
Principais ossos acessórios no pé
Navicular Acessório
O navicular acessório é um osso extra localizado na parte interna do pé, logo acima do arco plantar medial, sendo incorporado ao tendão tibial posterior. Muitas pessoas não sabem que apresentam essa condição, pois na maioria dos casos ela não cursa com sintomas. No entanto, algumas pessoas desenvolvem a síndrome dolorosa, caracterizada por edema e dor no local, quando o osso ou o tendão que está nele inserido sofrem algum tipo de dano, como resultado de traumas, irritação devido a calçados mal ajustados ou uso excessivo.
Em vários casos, as pessoas com síndrome do navicular acessório podem também apresentar pés planos. Quando isso ocorre, mais pressão é colocada no tendão tibial posterior, causando inflamação, irritação e instabilidade no navicular acessório.
O osso navicular acessório pode ser classificado em 3 tipos:
- Tipo 1 – Localizado no interior do tendão do músculo tibial posterior, e corresponde a cerca de 30% dos casos.
- Tipo 2 – Quando é articulado através de uma conexão fibrocartilaginosa ao osso navicular, sendo observado em até 60% dos casos.
- Tipo 3 – O osso acessório está fundido ao navicular, dando a impressão de aumento do volume desse osso.

Figura 1: Rx anteroposterior do pé, com seta em vermelho demonstrando o osso navicular acessório tipo 2
Os Vesalianum
Ossículo acessório presente próximo à base do 5º metatarsal. Ele está presente em cerca de até 0,1% e 0,4% da população. Na maioria das vezes é considerada um achado de exame, assintomático, porém, existem casos em que ele está relacionado à síndromes dolorosas.

Figura 2: Rx oblíquo do pé, com seta em branco demonstrando o os vesalianum
Diagnósticos diferenciais – O que pode confundir o diagnóstico?
- Os peroneum
- Apófise do 5º metatarso
- Doença de Iselin
- Fraturas por avulsão da tuberosidade do 5º metatarso
A identificação de uma articulação com o cuboide ajuda na orientação diagnóstica, sugerindo os vesalianum, entretanto exames complementares tais como tomografia computadorizada ou ressonância magnética podem auxiliar na diferenciação diagnóstica.
Os Peroneum
O os peroneum ou osso fibular acessório, é um osso sesamóide, ou seja, osso que se localiza dentro de um tendão. Ele fica dentro do tendão fibular longo, próximo à articulação calcaneocubóidea. Ë muito mais frequente que os anteriores, podendo estar presente entre 9% e 26% das pessoas. Assim como os outros, este costuma ser assintomático, entretanto não são raros os casos em que pode estar associado a tendinopatias dos tendões fibulares e dores localizadas na região da borda lateral do pé.

Figura 3: Rx lateral do pé, com seta em verde demonstrando o os peroneum
Os Trigonum
O os trigonum é um ossículo acessório localizado na parte de trás do pé, mais precisamente posterior ao tálus. Com incidência elevada, pode estar presente em cerca de 7% a 8% dos pés. Normalmente ele se comunica através de uma ponte fibrocartilaginosa, denominada sincondrose, a um dos tubérculos do processo posterior do tálus, lateral ou medial.
O mesmo núcleo que dá origem ao os trigonum, pode dar origem ao processo de Stieda, quando este encontra-se fundido ao tálus na região posterior. Seja na forma de os trigonum ou de stieda, esses apêndices ósseos podem causar dor devido a compressão das estruturas nessa região, levando SÍNDROME DO IMPACTO POSTERIOR. Essa síndrome está associada a um quadro doloroso na região posterior do pé quando o indivíduo fica na ponta dos pés, por reduzir o espaço presente nessa região.

Figura 4: Rx lateral do tornozelo, com seta em amarelo demonstrando o os trigonum
Existem ossos acessórios em outras regiões do corpo também, como nas mãos, ombros e joelhos.
VOCÊ APRESENTA ALGUM OSSO ACESSÓRIO?
Se sim, procure um especialista de confiança. Na maior parte das veze trata-se e uma achado de imagem, ou seja, apenas uma variação anatômica, mas quando está associado a presença de sintomas dolorosos deve ser avaliado.
FAQ
1. O que é o processo de Stieda?
Trata-se de um prolongamento ósseo na região posterior do tálus, com a mesma origem do os trigonum, só que fundido ao tálus. Tanto uma estrutura como a outra, os trigonum ou Stieda, podem causar síndrome do impacto posterior.
2. Preciso retirar meu osso acessório?
A resposta para essa pergunta na maioria das veze sé NÃO! Entretanto, quando o indivíduo apresenta sintomatologia refratária as medidas conservadoras, essa pode se tornar uma opção