O navicular acessório é o osso acessório mais comum do pé. A maioria não provoca sintomas, no entanto, quando isso ocorre, é necessário um tratamento que pode variar entre conservador e cirúrgico para casos específicos. Confira no artigo abaixo.
Introdução
O navicular acessório é um osso extra localizado na parte interna do pé, logo acima do arco plantar medial, sendo incorporado ao tendão tibial posterior. Muitas pessoas não sabem que apresentam essa condição, pois na maioria dos casos ela não cursa com sintomas. No entanto, alguns indivíduos desenvolvem a síndrome dolorosa, caracterizada por edema e dor no local, quando o osso ou o tendão que está nele inserido sofrem algum tipo de dano, como resultado de traumas, irritação devido a calçados mal ajustados ou uso excessivo.
Em vários casos, as pessoas com síndrome do navicular acessório podem também apresentar pés planos. Quando isso ocorre, mais pressão é colocada no tendão tibial posterior, causando ainda mais inflamação, irritação e instabilidade no navicular acessório.
A maioria dos portadores são assintomáticos
A prevalência de navicular acessório na população é estimada em torno de 10% a 12%. No entanto a sintomatologia ocorre apenas em uma pequena parcela, que pode ser de até 0,1% (1 em 1000) dos portadores.
Tipos de Navicular Acessório
Esse osso acessório é comumente classificado em três tipos. Tipo I, corresponde a um ossículo separado do osso navicular, o tipo II é unido através de uma fibrocartilagem e o tipo III está relacionado a uma fusão completa, formando um meganavicular ou megaescafóide, demonstrados na figura abaixo.
Quadro Clínico
Os sintomas dessa condição geralmente aparecem pela primeira vez na adolescência, quando está ocorrendo o processo de ossificação, que transformará a o núcleo cartilaginoso do navicular acessório em osso.
Os sintomas mais comuns são a presença de uma proeminência óssea visível na parte interna do pé, vermelhidão, dor e edema nessa região. A dor pode ocorrer na palpação local, ou quando este está em atrito com algum calçado, bem como durante ou após um período de atividade, indicando instabilidade local.
- Dor local
- Aumento de volume
- Vermelhidão
- Piora dos sintomas durante atividades físicas
Como fazer o diagnóstico do Navicular Acessório?
O diagnóstico é normalmente realizado através da avaliação clínica, que inclui formato do pé, palpação, avaliação da marcha e mobilidade do paciente. Exames de Rx podem auxiliar no diagnóstico, tanto através da demonstração da presença do osso acessório, quando já ossificado, como na figura 2, e através da análise das relações entre os ossos do pé na radiografia com carga.
A ressonância magnética, figura 3, fornece uma visão mais detalhada dos tendões e da cartilagem, assim como a presença de edema entre o navicular e o osso acessório, podem demonstrar o local da instabilidade e provável origem dolorosa. Além disso também fornece características relacionadas ao tendão tibial posterior, que está inserido nesse osso e pode estar relacionada com a gênese dolorosa dos sintomas, sendo sua análise fundamental para tomada de decisão terapêutica.
Figura 2: Rx anteroposterior do pé, com seta em vermelho demonstrando o osso navicular acessório
Figura 3: Imagem de ressonância, corte axial, demonstrando edema no navicular acessório e leve tendinopatia insercional do tendão tibial posterior.
Tratamento Conservador do Navicular Acessório
Em geral, o tratamento não cirúrgico pode resolver os sintomas desta síndrome. Imobilização com bota removível para descansar a área afetada e aliviar a inflamação, o ajustes dos calçados, uso gelo e anti-inflamatórios não esteróides orais, para redução da dor e inflamação auxiliam no alivio dos sintomas.
Mudança das atividades de impacto e identificação do fator causal fazem parte desta etapa do tratamento. A fisioterapia com exercícios para fortalecer os músculos circundantes pode diminuir a pressão no local, estabilizando as estruturas que estão associadas ao processo doloroso.
Figura 4: Bota ortopédica removível para o controle dos sintomas álgicos.
Figura 5: Exercícios de fortalecimento, equilíbrio e propriocepção para o controle dos sintomas da síndrome do navicular acessório.
Tratamento Cirúrgico do Navicular Acessório
Quando os sintomas da síndrome do navicular acessório não somem ou reaparecem após um tratamento prévio, as abordagens cirúrgicas podem ser recomendadas. O procedimento geralmente envolve a remoção do osso acessório, remodelando a área e reparando o tendão tibial posterior para melhorar sua função.
Muitas vezes a correção das deformidades em torno do pé precisam ser corrigidas para aliviar a pressão local e procedimentos no tendão tibial posterior podem ser necessários.
Você tem uma navicular acessório ou apresenta dor no local?
Procure um ortopedista especialista em tornozelo e pés de confiança. Quanto antes a avaliação for realizada, maiores as chances de sucesso no tratamento. Sempre procure diagnóstico, orientações médicas e um plano de tratamento individualizado. O Núcleo de Ortopedia Especializada possui especialistas renomados em todas as áreas da ortopedia moderna.
Referências:
The Accessory Navicular – An Important Cause of Medial Foot Pain
www.uptodate.com
FAQ
1. Porque o navicular acessório dói? As principais causas de dor relacionadas ao navicular acessório são a instabilidade na sua união com o osso navicular, principalmente nos tipo II, a tendinopatia que ele provoca na inserção do tendão tibial posterior e o atrito dele com os calçados, principalmente nos muito volumosos.
2. Como tratar o navicular acessório? A maioria dos portadores desse osso acessório serão assintomáticos. Entre os sintomáticos, na maior parte das vezes períodos de repouso, botas ortopédicas removíveis, ciclos curtos de anti-inflamatórios e ajustes de calçados serão suficientes para o controle dos sintomas. Nos indivíduos refratários a essas medidas, o tratamento cirúrgico pode ser uma possibilidade.
3. Preciso remover meu navicular acessório? A resposta é não. Apenas uma minoria dos indivíduos que possuem sintomas e são refratários ao tratamento conservador precisam remover esse ossículo. Portanto, em geral, esse osso não precisa ser removido.
