A fratura do tornozelo é uma das fraturas mais comuns do membro inferior. Ela acontece geralmente após movimentos torcionais, principalmente durante a corrida ou saltos, nos quais a energia do trauma é dissipada principalmente através dos ossos, tibia ou fíbula, ocasionando a fratura. Entretanto, em pacientes com ossos mais frágeis, podem ocorrer em movimentos mais simples.
Normalmente o indivíduo que cursa com a fratura tem dificuldade para apoiar o membro afetado no solo, que costuma ficar bastante edemaciado (inchado) e dolorido. Em casos mais graves, quando há um grande desvio, o tornozelo fraturado pode apresentar alguma deformidade grosseira, já visível ao exame inicial.
Como saber se tenho uma fratura do tornozelo?
O diagnóstico costuma ser dado através de um exame físico cuidadoso, que deve sempre buscar por possíveis lesões associadas, juntamente com o auxílio de exames complementares, como os raios X.

Figura demonstrando imagem de raio X com fratura na fíbula e no maléolo medial, na tíbia.
No entanto, muitas fraturas necessitam de exames mais detalhados, como a tomografia computadorizada. Esse exame, que permite a visualização das imagens em múltiplos cortes nos planos coronal, sagital e axial (em três dimensões), possibilitando identificar de forma mais precisa pequenos fragmentos e lesões da cartilagem. Esse exame também permite uma visualização da relação entre a fíbula e tíbia, região da sindesmose, que tem grande importância no funcionamento desta articulação.

Tomografia Computadorizada do tornozelo fraturado, demonstrando uma imagem lateral, uma imagem frontal e uma imagem axial, da esquerda para a direita, demonstrando fratura na fíbula indicada pela seta branca.
Toda fratura do tornozelo precisa de cirurgia?
Não! Essas fraturas podem ser tratadas tanto de maneira não cirúrgica como cirúrgica. No primeiro caso, as fraturas que não apresentam desvio, e são estáveis, podem ser tratadas através de imobilização e carga. Normalemnte esse tipo de tratamento dura em torno de 8 a 12 semanas, tempo médio de consolidação óssea.

Paciente com fratura do tornozelo, optado pelo tratamento conservador através de bota imobilizadora e carga com auxílio de andador.
Alguns trabalhos biomecânicos demonstram que, nesta região, desvios da articulação de apenas um milímetro são capazes de modificar em > 100% a distribuição de cargas, levando a artrose no tornozelo e dor. E por esse motivo as fraturas desviadas e instáveis, apresentam resultados mais previsíveis, quando tratadas de maneira cirúrgica.
Quando necessária, o objetivo da cirurgia é o de reduzir, alinhar, de forma perfeita a fratura e fixar através do uso de placas e parafusos até que a antureza reestabeleça a continuidade óssea.

Imagens demonstrando diferentes opções de fixação do tornozelo fraturado através do uso de placas e parafusos. Na imagem a esquerda, presença de placa em fíbula, associado a parafusos no maléolo medial na tíbia e parafuso entre a fíbula e a tíbia, chamado de sindesmose. Na imagem central, fratura da fíbula fixada através de placa e parafusos. Na imagem à direita presença de placa e parafusos tanto no maléolo lateral quanto no medial e presença do parafuso de sindesmose.
O objetivo desses materiais é manter os fragmentos ósseos na posição até que a consolidação aconteça na posição adequada. Após esse período, que em média, leva aproximadamente três meses, mas é variável entre cada indivíduo, a presença do material de síntese é indiferente, pois já cumpriu seu papel, permitindo a consolidação óssea de maneira anatômica.
Depois de operar, fico muito tempo sem pisar?
O pós-operatório deve priorizar a integridade das partes moles, o estímulo a mobilidade da articulação e a liberação de carga protegida por órteses associado a muletas ou andador (link com artigo de muletas ou andador) o mais breve possível. Ou seja, assim que a cicatrização permitir, o paciente já pode e deve apoiar o membro operado.

Etapas da reabilitação. À esquerda, carga protegida com a bota. Seguido do uso da tornozeleira, na foto central. À direita, retirada das órteses e fase final da reabilitação.
Os implantes, placas e parafusos, precisam ser retirados?
Em geral, os implantes não precisam ser removidos. À exceção a essa regra, são os fios metálicos, também chamados de Fios de Kirscnher, e os parafusos que atravessam a articulação da sindesmose.
Na maior parte dos pacientes, os implantes não causam nenhum tipo de desconforto, entretanto, em cerca de 10% dos casos, eles podem ficar salientes ou produzirem algum tipo de sensação local, seja por atrito com os tendões, músculos e nervos. Nesses casos, após certificar que a fratura está consolidada, ou seja, que o osso já grudou, esses implantes podem e devem ser retirados.
O que fazer se eu suspeitar de uma fratura no tornozelo?
Se você teve algum traumatismo no tornozelo e suspeita que fraturou, procure imediatamente um ortopedista especialista em tornozelo e pé de confiança!
Referências:
Orthoinfo.org
FAQ
1. O que é uma fratura bimaleolar do tornozelo?
O tornozelo é estabilizado por três suportes ósseos, denominados maléolos (maléolo lateral ou fíbula, maléolo medial e maléolo posterior). Quando ocorre uma fratura, um, dois ou três desses suportes podem quebrar, dando a denominação da fratura em uni, bi ou tri maleolar.
2. Quanto tempo leva para “colar” uma fratura do tornozelo?
Existem vários fatores que influenciam nesse tempo, que vão desde a idade do paciente até a presençaade comorbidades, tabagismo ou uso de medicações específicas. No entanto, em média, uma fratura leva em torno de 12 semanas, ou dois meses e meio a três meses para consolidar.
3. Como saber se o osso “colou”?
A avaliação clínica, através da melhora dos sintomas dolorosos e edema, é um bom indicativo. Entretando, os exames de imagem são a melhor forma de avaliar a consolidação. Normalmente os exames de raios X e ou tomografia computadorizada são os de escolha para essa avaliação.
4. Qual o papel do parafuso de sindesmose?
A função deste parafuso é manter um posicionamento adequado entre a fíbula e a tíbia, no intuito de permitir a cicatrização adequada do ligamento denominado sindesmose. Esse ligamento possui papel importantíssimo na função do tornozelo.